Armando Carvalho Filho: da perda do pai com 13 anos ao sucesso na capital nacional do leite

Armando Carvalho Filho: da perda do pai com 13 anos ao sucesso na capital nacional do leite

Notícia Publicada em: G1

Ao lado da mãe e dos irmãos, o agropecuarista precisou superar a tragédia familiar. Hoje, produzem 31 mil litros de leite por dia.

Filho primogênito de Armando de Paula Carvalho e Maria Helena de Albuquerque, Armando de Paula Carvalho Filho precisou amadurecer depressa. Nascido e criado no campo, ele tinha 13 anos quando o pai, agricultor, faleceu.

“Quando o meu pai faleceu, minha mãe e ele tinham 41 anos. Ela era muito nova, e eu muito menino. Minha mãe não fazia parte do negócio, não participava, mas ela tomou a frente e tocou com maestria até eu e meu irmão termos idade suficiente para começar a participar e tocar também”, diz.

Um dos primeiros desafios de dona Maria Helena foi arrumar uma renda alternativa à da agricultura, muito sazonal. “A gente precisava de uma receita com mais frequência, e ela optou pela atividade da pecuária de leite. Na época meu pai tinha deixado uma caminhonete Chevrolet, D20. Minha mãe trocou por 20 vacas de leite e começou a atividade. Assim o negócio foi aumentando. A gente foi ganhando dinheiro com a agricultura, investindo em leite e chegamos onde estamos hoje”.

Assim que completou o colégio agrícola, aos 18, Armando Filho entendeu que era preciso se dedicar aos negócios da família — apesar do desejo da mãe que ele continuasse os estudos no ensino superior. “Quando a gente é mais novo é mais intempestivo, mas ao longo do tempo a gente aprende que junto e somando energia, só agrega. Dividimos os negócios em setores. Eu cuido da parte operacional, ajudo no planejamento, estratégia, e o meu irmão cuida da parte financeira e administrativa. A minha irmã cuida de um outro segmento: nossa família tem uma escola que vai do berçário até o pré-vestibular”, explica.

Com produção de leite diária de 31 mil litros e uma área agricultável anual de 2.300 hectares, a família é uma das referências da região. Vinte e dois anos depois de se entregar ao trabalho no campo, Armando é vice-presidente da Castrolanda, uma das principais cooperativas lácteas do Brasil. “Para nós, trabalhar no sistema cooperativo é algo comum. Meu avô era cooperado, meu pai foi cooperado e eu me criei dentro do sistema cooperativista. Essa associação de produtores é uma sinergia de forças para você adquirir insumos, para você vender seu produto. Hoje o mercado está cada dia mais globalizado, e para a gente fazer frente às grandes corporações, nada mais justo do que os produtores se associarem, cooperarem e continuar com competitividade nas atividades”.

Castro é o maior município produtor de leite do Brasil. Além do clima e da altitude que favorecem, a influência da imigração holandesa e o investimento constante em inovação têm relação estreita com isso. “A nossa região é a maior bacia leiteira do Brasil e acho que a mais tecnificada”, diz o agropecuarista, que completa com um exemplo do próprio negócio. “A gente veio crescendo na produção de leite e chegou numa encruzilhada em que precisávamos trocar nosso sistema de ordenha. O sistema antigo estava exaurido, totalmente tomado, ordenhando 24 horas. Eu e meu irmão optamos por migrar para uma sala rotatória. O natural seria fazer uma sala convencional, intermediária, mas se o nosso projeto seguisse no ritmo que a gente esperava, a gente ia exaurir essa nova sala em cinco anos”, conta.

“A nova sala é um sistema de ordenha com os princípios de uma linha de montagem, onde o operador está blocado e a vaca está se deslocando. Aquilo é extremamente confortável para a vaca e aumenta o rendimento por pessoa. É preciso agora adquirir animais e aumentar minha recria para otimizar esse investimento”, diz Armando.

Dedicado, o produtor explica o que move a constante busca por evolução no dia a dia do campo. “Eu acho que ainda não cheguei aonde eu queria estar. As coisas para mim ainda estão dando certo, se construindo. O que mais me encanta são os desafios. Eu aprendi ao longo do tempo a traçar metas pessoais, e o que mais traz satisfação é atingi-las. Tem muita meta que eu não compartilho com ninguém, mas se você for na minha sala, no escritório, tá escrito lá em algum lugar. Nós vamos mais um tempo trabalhando e prosperando, se Deus quiser”.

Confira o material na íntegra.