Promovendo equidade e justiça social

Promovendo equidade e justiça social

Por João Paulo Koslovski (*)
 
Celebrado em 4 de julho, o Dia Internacional do Cooperativismo teve, nesse ano, em sua 93ª edição, o tema “Escolha cooperativismo. Escolha equidade”. Promovido pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI), o tema do Dia Internacional é oportuno para que possamos refletir sobre nossa atuação e a importância crescente do cooperativismo na promoção de desenvolvimento social e econômico dos cooperados do Paraná e do país.  
 
Apesar dos avanços econômicos, o Brasil ainda tem níveis acentuados de desigualdade social. A concentração de renda é agravada pelos nossos problemas estruturais, sobretudo pelo sucateamento da educação que perpetua o abismo entre pobres e ricos, reduz as oportunidades de desenvolvimento dos jovens e restringe o acesso ao trabalho de melhor qualificação. Como consequência, multiplicam-se as mazelas da criminalidade e da violência, que ceifam a vida de milhares de pessoas todos os anos no país. Um cenário banalizado diariamente nas páginas dos jornais, dividindo manchetes com a corrupção e a impunidade, compondo um quadro onde a equidade e a justiça social parecem ser uma distante utopia. 
 
Mas as experiências bem-sucedidas do cooperativismo renovam nossas esperanças de que podemos sim superar séculos de injustiças, reduzindo as barreiras da ignorância, da exploração e da escassez de oportunidades; um modelo de trabalho sem represas à vontade do homem de progredir e se desenvolver, criando condições para uma vida melhor na família e em comunidade; um modelo no qual a vontade vital de expressar-se democraticamente seja incentivada, e a capacidade de empreender tenha o respaldo profissional que transforma o sonho, o projeto idealizado, em realidade.
 
No modelo de negócios do cooperativismo, as pessoas se unem voluntariamente para alcançar objetivos econômicos, sociais e culturais comuns. Para isso, trabalham em conjunto numa cooperativa, uma empresa diferenciada, gerida de forma democrática, com base em princípios e valores pautados na equidade, autonomia, participação, independência, educação, informação e transparência. Ao potencializar os negócios dos cooperados, a cooperativa contribui para o desenvolvimento, gerando equidade, com decisões democráticas que não se pautam no poder econômico, pois cada associado tem direito a um voto, ao contrário do que ocorre numa empresa convencional, onde o sócio ou acionista majoritário tem o maior poder de decisão. Certamente existem desafios, como a necessidade de qualificar e profissionalizar a gestão dos empreendimentos cooperativos. Há também o desafio de se manter o equilíbrio entre o social e o econômico, dualismo que deve ser harmonizado com participação e discussão entre todos os cooperados, tendo sempre como norte os princípios e valores essenciais do cooperativismo.
 
Não há dúvidas de que o cooperativismo pode ser um instrumento de disseminação de práticas de equidade, justiça social e qualidade de vida. Mas é uma construção coletiva, que precisa estar focada num planejamento estratégico que busque o crescimento sustentável das cooperativas, para que elas continuem sendo uma alternativa viável de trabalho, renda e desenvolvimento para milhões de paranaenses e brasileiros.
 
(*) Presidente do Sistema Ocepar