Produtor e cooperativa comemoram bons índices da safra de trigo

Produtor e cooperativa comemoram bons índices da safra de trigo

A expectativa é de um incremento entre 10 a 15% de área plantada na próxima safra.

Por Edison Lemos

"Estamos com uma média de produção na última safra muito boa, acima da média geral dos últimos anos. E ficamos muito felizes com a produtividade e um volume produzido que ajudou as áreas operacionais da cooperativa a 'fecharem' bom resultado neste ano, apesar da pouca área de milho. A expectativa é de um incremento entre 10 a 15% de área plantada na próxima safra".

Quem comemora os bons números apresentados pela safra de trigo 13/13 é o gerente de negócios agrícolas da Castrolanda, agrônomo Márcio Copacheski, que registra também sua satisfação com os preços excepcionais alcançados pelo cereal no início da colheita. Roberto Sekulic, coordenador de comercialização agrícola da Castrolanda concorda: "Aqui em Castro, a região foi abençoada. O pessoal conseguiu produtividade boa e preço bom".

Segundo ele, praticamente 60% da safra já foi vendida. "No começo da colheita vendeu muito rápido, porque o mercado estava esperando o trigo da Argentina que o governo segurou (a safra deles foi menor em função de seca) para garantir o abastecimento interno e desestimular a inflação. Com isso, houve empresa que perdeu a licença de exportação inclusive porque exportou trigo antes da hora.

"Nosso trigo está vendendo a 800 R$/ ton, mas sem liquidez. Isso significa que tem mercado, mas o moinho entra, compra e pára, porque prefere receber o importado. Quando cessa de receber o importado ele retorna ao mercado interno. Então não adianta baixar o preço porque não vai vender o trigo. Mas a média de R$ 800 a tonelada está boa. Pela média histórica nunca esteve nesse preço. Então tem que vender. Esperar muito mais que isso só se o dólar explodir. Além disso, esse preço remunera bem o produtor", diz o especialista em mercados.

NÚMEROS – Na safra 13/13 a Castrolanda acompanhou o cultivo de uma área de trigo de 36.877 hectares, destacando- se 1.411 hectares de canola, prejudicada pela seca, onde houve cooperados que nem entraram colhendo porque não compensava. A produção de grãos chegou a 115.674 toneladas, com média geral de 3.137 kgs/hectare.

A produtividade média de Castro e região chegou a 3.541 kgs/hectare. A produtividade média de Itaberá e região alcançou 2.568 kg/hectare. Em Castro a média aumentou em relação à safra anterior, que foi de 3.388 kgs/hectare. Em Itaberá a produtividade média caiu em relação à safra anterior (devido a seca e geadas), que foi de 2.690 kgs/ hectare. A média geral da cooperativa, entretanto, acabou subindo para 3.137 kgs/hectare devido a excelente produtividade registrada em Castro.

O analista financeiro da Castrolanda, Jefferson Luiz das Neves, que realiza controle de produtividade dos produtores nas safras de inverno e verão visando alimentar o planejamento agronômico da cooperativa, lembra que no inverno atípico enfrentado em 2013 houve lavouras de cooperados que tiveram até mesmo a ocorrência de neve, determinando perdas não apenas de produtividade, mas também de qualidade do produto. Segundo ele o trigo não é tão importante pelo volume que produz, mas principalmente pela qualidade do produto. "É a qualidade que vai interferir na comercialização, definindo se o preço é bom ou ruim", diz o analista.

A principal região produtora de trigo da Castrolanda situa-se em Itaberá, Itapeva, Itararé (sul de São Paulo), onde são obtidas boas médias de produtividade e qualidade industrial do trigo. Já a região de Castro e Piraí do Sul demanda maior investimento, sofre mais com a condição climática (especialmente na colheita) e a qualidade do cereal é inferior ao trigo colhido no sul de São Paulo. "Na safra 13/13 entretanto, ocorreu o inverso. Houve seca e geadas fortes em São Paulo e uma condição bem próxima do ideal em Castro. Isso determinou que o produtor campeão de produtividade saísse de Castro, o que não é o normal", detalha o gerente Márcio Copacheski.

ESTRATÉGIAS – Enquanto trabalha na expectativa de uma safra 14/14 maior, com potencial produtivo alto em função do nível tecnológico empregado na área de ação da Castrolanda, o gerente de negócios agrícolas da cooperativa revela a percepção de mudanças gradativas no setor, com a introdução novas cultivares, como Gralha Azul e Sinuelo, boas de produtividade e com qualidade industrial. Copacheski também exibe as linhas gerais de um trabalho conjunto com o moinho de trigo em implantação pelas cooperativas Batavo, Castrolanda e Capal, na busca por cultivares adaptados ao produtor, porém com aptidão aos produtos que o moinho pretende produzir. Segundo ele o moinho deve elaborar diferentes tipos de farinhas, para cada tipo de mercado.

"Queremos, ao longo dos próximos 5 anos, trabalhar de forma afinada para que o máximo que o produtor produzir nós tenhamos uma venda para o nosso moinho, de forma a agregar renda para o produtor. Esse é uma expectativa grande que temos em relação ao futuro da produção de trigo na cooperativa, que é o alinhamento entre a produção no campo e a industrialização no moinho. Nós estamos caminhando para buscar cultivares que se adaptem dentro desses grupos, como trigo pão, trigo para massas, e assim por diante", especifica o gerente.

A tendência, segundo revela, é de que o produtor trabalhe de acordo com o que o moinho quer, onde ele diz: nós temos mercado para tal tipo de farinha. A pesquisa ajuda a selecionar esses materiais, a equipe técnica e produtor desenvolvem o pacote tecnológico para produzir esses materiais, e assim todo mundo ganha. Assim forma-se o círculo do ganha-ganha e da agregação de valor. A próxima safra de trigo já deverá estar alinhada a essa estratégia de segregação nas unidades. Mas a 'sintonia fina' entre setor produtivo e área industrial pode levar até cinco anos até ajustar-se adequadamente.