O dinheiro que vem das árvores, oportunidade de agregar renda à propriedade

O dinheiro que vem das árvores, oportunidade de agregar renda à propriedade

Por Edison Lemos

Crescente necessidade de biomassa para geração de energia pelas novas indústrias que surgem na região; aproveitamento de áreas de menor aptidão agrícola; oportunidade de agregar renda à propriedade; apoio decisivo da cooperativa a quem se dispõe a ingressar na atividade. Esses são alguns dos fatores que fazem do reflorestamento um bom negócio para o produtor associado a Castrolanda.


Até 2013 o setor de reflorestamento da Castrolanda era apenas uma unidade de custo, que fazia a distribuição de matéria prima para abastecer caldeiras e fornalhas de secagem das unidades consumidoras. A grosso modo era um mal necessário. Mas em 2014 essa realidade mudou. Com a ampliação dos negócios da cooperativa, como a agregação da indústria de leite, ampliação da capacidade de secagem da matriz, a implantação do frigorífico de suínos, houve necessidade de mais produção e maior variação do tipo de material ofertado. E a área de produção florestal se transformou numa Unidade de Negócios, com profissionalismo, investimentos, gestão alinhada às exigências do mercado, metas a cumprir, e resultados a serem alcançados.

"Fizemos investimentos em equipamento, ampliamos a equipe, hoje conseguimos fornecer lenha para fornalhas e caldeiras, e também conseguimos fornecer cavaco, um material mais elaborado, e que vai servir como biomassa para caldeiras do frigorífico de suínos e até para o atendimento de clientes regionais", detalha o gerente da área agrícola, agrônomo Márcio Copacheski. "Estamos otimistas com o cenário e com muita expectativa neste novo negócio. No planejamento para 2014 fizemos cálculos que demonstram que existe oportunidade para transformar o setor num negócio lucrativo para a cooperativa e para os associados. Estamos prospectando negócios ,fazendo investimento, estudos, e ampliando a produção. Crescendo no setor a cooperativa oportuniza a associados que dispõem de área secundária a investir em floresta. É uma nova roupagem para uma área que antes significava apenas custos e hoje é uma Unidade de Negócios, com estrutura e acompanhamento feito por pessoas especializadas", completa o gerente.

Entre as novas oportunidades de negócio prospectadas estão o fornecimento de cavaco, mediante contrato, para usinas de cana-de-açúcar de São Paulo, a comercialização de "toras" (madeira mais grossa normalmente encontrada nas bordaduras da floresta) com alto valor agregado, e a produção de sementes de eucalipto da espécie dunnii (a mais indicada para a região). A semente será disponibilizada para viveiros parceiros, que produzem as mudas que vão formar os reflorestamentos fomentados pela cooperativa. "Assim temos a garantia de um material genético de qualidade, vindo da seleção das melhores matrizes, capaz de alta produção, e bom desenvolvimento, o que nos dá garantia de uma boa produção final", informa o engenheiro florestal Paulo Cesar da Silva, coordenador da área.

Estratégia
O que garante um futuro de bons negócios com o reflorestamento é a crescente necessidade de biomassa para  produção de vapor, numa região como a dos Campos Gerais, que tem acolhido grandes indústrias voltadas para o agronegócio, como Ambev, Tetra Pak, Cargill e outras, além das agroindústrias que levam o selo Castrolanda, já citadas. Por tudo isso, a produção florestal diversifica a propriedade e se torna um negócio rentável para o produtor e para a cooperativa.

Entretanto, o agricultor vai agregar renda porque vai ingressar num negocio com informação, assistência técnica, insumos, e garantia de compra. "Não queremos competir com áreas de soja, de pastagem, ou de produção agrícola. Somos uma região agrícola, não uma região produtora de biomassa. Por isso a Unidade de produção florestal é antes de tudo estratégica. Não podemos estar completamente dependentes do mercado, temos que ter pelo menos 80% de nossas necessidades atendidas por florestas próprias", diz o gerente agrícola Copacheski.

De acordo com o engenheiro Paulo Cesar, a Castrolanda possui atualmente 3.000 hectares de floresta própria, dividida entre áreas de reserva legal, áreas de preservação permanente e áreas de reflorestamento, com a função de produção de energia. Apenas no reflorestamento são 1.500 hectares, com eucalipto. Uma nova área foi incorporada em fevereiro último acrescentando mais 300 hectares ao setor. A cooperativa trabalha com ciclos de corte na faixa de 5 a 6 anos, visando a produção de madeira mais fina, para utilização nos secadores para produção de energia.

O engenheiro informa que a área de plantio florestal vem experimentando um crescimento de cerca de 15% ao ano na região e no próprio estado do Paraná. Entretanto, o preço da madeira tem se mantido estável, ao menos nos últimos dois anos. O profissional também chama a atenção para outro fato significativo: a substituição do pinus pelo eucalipto. Há bem pouco tempo 70% das áreas de reflorestamento eram cobertas por pinus. Hoje em dia essa proporção se inverteu: 70% das áreas são ocupadas por eucalipto e 30% formadas por pinus. A razão é que o eucalipto é mais versátil, podendo ser usado para celulose, madeira, móveis e outros segmentos. E seu ciclo é mais curto que o pinus, em torno de 5 a 6 anos.

Há cinco anos a cooperativa supria 30% de sua necessidade de consumo de energia através de áreas próprias, e adquiria 70% no mercado. Atualmente essa proporção se inverteu: 70% do consumo é próprio e 30% é adquirido no mercado. No total a Castrolanda investe cerca de R$ 7 milhões/ano em madeira para geração de energia em suas unidades. As áreas de floresta da cooperativa estão concentradas em Castro e Piraí do Sul, numa distância de até 100 km da matriz, próximo de onde se situam os maiores consumidores, que são a usina de leite, a própria matriz, e novo frigorífico.

Parceria
No programa de fomento florestal que mantém para seus associados a Castrolanda estabelece condições muito claras para a parceria:
– Ingressar no fomento significa um compromisso de, no mínimo 7 anos, ou até 15/20 anos;
– A parceria com o produtor concede à cooperativa, através de contrato, a preferência pela compra da madeira;
– O valor de compra acertado é a média de preço dos últimos 6 meses de comercialização, após estudo de mercado;
– O aproveitamento para o plantio de floresta se fará em áreas não agricultáveis, de baixa produção, com dificuldades para mecanização agrícola, ou de declividade acentuada;

Enquanto o governo viabiliza ao silvicultor que deseja implantar uma floresta através de linhas de créditos específicas como o Popflora e outros, com carência que acompanha as épocas de corte da floresta (5 a 6 anos), com juro baixo, a cooperativa faz a ponte entre a instituição financeira e o agricultor, viabilizando mais facilmente a obtenção dos recursos.

RECOMENDAÇÃO
Ao implantar uma área de reflorestamento o produtor deve fazer bem feito. Porque são, no mínimo, 5 anos que essa floresta vai estar locada ali, e quando colher o produtor vai querer ter resultados. Então não adianta plantar de qualquer maneira porque a produção vai ser baixa e o resultado não vai ser bom. Produzir mais em menor área é o ideal. O produtor vai ter um custo inicial mais elevado com aplicação de herbicidas, adubação e preparo de solo, mas sua produção será elevada, diluindo esse custo inicial de implantação, e o lucro vai ser melhor.

Alguns produtores se decepcionam porque economizam muito na implantação, deixando a planta sofrer competição em seu estágio inicial, devido a operações mal conduzidas como preparo de solo e pouca ou nenhuma adubação. Então a floresta, que teria uma boa produção em 5 a 6 anos tem seu ciclo estendido com isso perdendo-se tempo, e a produção de que poderia ser de 400 a 500 metros estéreis por hectare cai consideravelmente não atendo as expectativas do produtor. Produzir floresta também requer o uso de tecnologias adequadas, até porque o ciclo é longo, não é como a soja, onde em 4/5 meses o produtor já está com outra cultura no lugar buscando recuperar o que foi perdido".

A recomendação é do engenheiro florestal Paulo Cesar da Silva, coordenador do setor, que lembra ainda: "A madeira sempre vai ter mercado. E a demanda vai aumentar cada vez mais. Com o crescimento do país a madeira cada vez vai ser mais utilizada. No decorrer dos anos ela deve ter um acréscimo na comercialização, até por força da pressão crescente sobre o corte de madeira nativa. A perspectiva, sem dúvida, é de melhora de mercado".