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Liderança feminina no campo mostra a força e determinação das mulheres cooperativistas

Nascida em Rouveen, mas registrada em Staphorst, cidade da província de Overijssel da Holanda, Jentje Petter imigrou para o Brasil na segunda metade de 1959, com apenas quatro anos de idade. Junto de seus pais e outros seis irmãos, estabeleceram-se inicialmente na Colônia Monte Alegre, na região dos Campos Gerais no Paraná, mas ainda no mesmo ano mudaram-se para a Colônia Castrolanda, em Castro/PR. Uma trajetória de muita luta dos imigrantes na busca por paz, segurança e um futuro melhor, ao reconstruir as vidas pós-guerra.

Brasileira nata, como gosta de frisar, Jentje tem muito orgulho de suas origens, da união da família, dos valores disseminados entre gerações e considera a agropecuária sua verdadeira paixão. “Desde pequena sempre plantamos nossos alimentos, cada um fazia sua parte na ajuda da chácara. Foram anos bem difíceis, precisamos nos adaptar a uma nova cultura e clima. Mas a persistência e vontade de seguir nossos sonhos permitiram a nossa família seguir com prosperidade”. Inicialmente o plantio de soja era realizado para garantir a subsistência e viabilizar os negócios. Além do mais, mesmo após seis décadas, toda a família segue com seus trabalhos, sempre na agricultura e pecuária.

Extremamente comunicativa e disposta a aprender e compartilhar suas vivências, Jentje relembra que foi a partir de 1975, quando se casou, que passou a vivenciar o cooperativismo de perto e acompanhar, de fato, todos os processos de plantio, colheita, logística de transporte e demais questões burocráticas relacionadas ao campo.

No entanto, 20 anos depois e já com três filhos auxiliando no dia a dia, foi quando aprimorou a atuação na pecuária leiteira e conquistou diversos prêmios em eventos no país, notabilizados sempre pela alta genética dos animais da Chácara Erica. “Após me separar, tive que encarar a realidade e fazer acontecer. Me perguntava ‘O que vou plantar? O que vou colher?’ Aprendi na raça, ao lado dos meus filhos Alexandre, Adelaide e Adriano, conseguimos superar as adversidades, melhorar o plantel e a área de cultivo. Felizmente muitas pessoas me ajudaram a entender melhor o que deveria ser feito” Hoje, Jentje Petter segue a frente do negócio com agricultura de soja, milho e trigo. “Temos uma sensibilidade maior, conseguimos visualizar e ter percepções diferentes do que os homens. São pormenores que fazem toda a diferença”, destaca.

Cooperativismo e conquista de novos espaços

A participação das mulheres na atividade rural tem se fortalecido no Brasil, assim como em diversos outros lugares do mundo. Neste contexto, as cooperativas exercem um importante papel no desenvolvimento de práticas sustentáveis que favorecem tal inclusão.

Associada a Castrolanda desde 2003, mas sempre ativa nas decisões da comunidade, realizando a interface com a Cooperativa e seus produtores, Jentje há pelo menos 10 anos tem trabalhado para estreitar o vínculo das mulheres com o trabalho no campo e no entendimento da importância da participação ativa nas propriedades. “As mulheres precisam estar mais próximas para abraçar essa causa, por a mão na massa, buscar a troca de conhecimento e informações para evoluir e avançar. É extremamente necessário que a gente tenha a consciência da nossa força e dissemine esse pensamento”.

Como liderança feminina, Jentje relembra que as viagens técnicas com imersões ao universo da agricultura, conhecendo melhor o funcionamento e as diferentes realidades, foram essenciais para que criasse o senso de pertencimento e aumentasse o engajamento com outras mulheres. “Fizemos muitos cursos para nosso aprimoramento. Conquistamos espaço e, inclusive, pudemos fazer parte das discussões do Planejamento Estratégico da Cooperativa”.

Mas a maior conquista, concretizou-se no ano passado com a formalização da Primeira Comissão da Mulher Cooperativista. O grupo de lideranças femininas, que agora possui um estatuto próprio, membros eleitos e tem ganho cada vez mais espaço, propaga conhecimento, aprendizado e mostra a força das mulheres. Através de encontros, eventos, cursos e projetos contribuem com o cooperativismo e destacam que o protagonismo feminino nas propriedades é um trabalho que não pode parar. “Quem não tem história, não tem memória. Nada pode apagar as nossas vozes e sonhos”, completa Jentje.

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