Fundação ABC 30 anos de vanguarda no caminho do conhecimento e da tecnologia

Fundação ABC 30 anos de vanguarda no caminho do conhecimento e da tecnologia

Por Edison Lemos

A atuação do Grupo ABC é marcada pela forte presença de uma assistência técnica, agrícola e pecuária da maior qualidade. Isto se deve à herança cultural trazida pelos imigrantes holandeses, e a necessidade de incrementar a produtividade dos solos pobres, erodidos e de baixa fertilidade encontrados por eles, na região dos Campos Gerais. A visão e a mentalidade dos novos habitantes impôs o abandono de práticas danosas ao meio ambiente, como gradagens, arações e fogo nas palhadas, dando início em 1976 ao Sistema de Plantio Direto. 


É neste contexto que as cooperativas Castrolanda, Batavo e Capal, com o apoio e incentivo da Cooperativa Central de Laticínios do Paraná –CCLPL, decidem criar em 23 de outubro de 1984, a Fundação ABC para Assistência e Divulgação Técnica Agropecuária.

Herdeira dos princípios e objetivos do “Clube da Minhoca” –uma associação informal de produtores que praticava o Plantio Direto, em poucos anos a Fundação ABC consolida o revolucionário sistema de plantio e segue em frente, propondo e vencendo novos desafios na área agrícola. Agora, três décadas depois, se constitui numa instituição de grande credibilidade no desenvolvimento de pesquisa aplicada, referência nacional em Plantio Direto na Palha, e fonte de inumeráveis serviços prestados aos associados das cooperativas ABC e à agropecuária regional e nacional.

A visão estratégica dos imigrantes holandeses de investir em pesquisa e desenvolvimento agropecuário tem-se revelado um diferencial competitivo importante. Considerada como uma instituição exemplar, a Fundação tem servido de modelo para o surgimento de várias outras instituições do tipo por todo país. A instituição aplica as mais avançadas técnicas agronômicas e pecuárias, além de suporte econômico, fruto de investimentos maciços em geração de conhecimento e avanço tecnológico. O resultado de seu trabalho tem influenciado grandemente os Campos Gerais, considerada hoje como uma das regiões tecnicamente mais desenvolvidas, servindo inclusive de modelo dentro e fora do país.

A Fundação ABC ousou reunir no país, pela primeira vez, pesquisa, extensão, produtor e empresa, dentro de uma só instituição. Coube a ela também, ao longo desses 30 anos, “plantar” importantes avanços, como a conscientização sobre o uso de defensivos agrícolas, a validação de máquinas durante dias de campo, a rotação de culturas (o que plantar antes, o que virá depois, qual a época mais recomendada, como fazer), o uso da aveia como palhada para proteção do solo, a introdução da silagem de milho úmido e da silagem pré-secada na alimentação animal, o sistema de plantio direto, e muitos outros avanços.

Estrutura de Pesquisa e Serviços – Mantida pelas cooperativas Castrolanda Batavo e Capal, a Fundação ABC tem ainda como contribuintes os associados da Cooperativa Agrícola Mista de Ponta Grossa –Coopagrícola, e outros produtores independentes. No total são mais de 3.350 produtores de soja, milho, trigo, feijão, pastagens, e que criam suínos e gado de leite, numa área de 398 mil hectares distribuídos na região dos Campos Gerais, no Paraná, e no sul do Estado de São Paulo.

Para realizar seu trabalho a Fundação está estruturada em 12 áreas de pesquisa: Fitotecnia, Herbologia, Fertilidade de Solos, Mecanização Agrícola, Defesa Vegetal, Agrometeorologia, Sistemas de Informações, Forragicultura, Laboratório de Informações Geográficas (LIG), Laboratório de Análises Físico-Químicas, Laboratório de Entomologia e Fitopatologia, e Agricultura de Precisão.

As equipes testam os diversos produtos disponíveis no mercado, de variedades de sementes a insumos e defensivos, e apresentam aos assistentes técnicos – agrônomos que atendem os produtores- os mais indicados. Além disso, buscam soluções rápidas para o controle de doenças e pragas nas lavouras e também buscam e criam melhores tecnologias para aumentar a produtividade no campo, sempre respeitando o meio ambiente.

Na dinâmica da pesquisa a demanda pelos trabalhos vem das cooperativas e dos próprios produtores. A partir daí, os pesquisadores realizam ensaios no campo. São testes feitos em cinco campos demonstrativos e experimentais que a Fundação ABC tem estrategicamente espalhados pela sua área de atuação, que somam 344 hectares. Além de áreas cedidas dentro das propriedades dos agricultores.

A instituição fechou 2013 com 750 ensaios realizados, o que resultou em mais de 16.200 tratamentos realizados. O volume é tão expressivo que para cada 25 hectares dos produtores, a Fundação realiza um tratamento. Para dar conta deste trabalho a instituição conta com pouco mais de 200 colaboradores. Mais da metade na área de pesquisa! E entre eles há doutores, mestres e especialistas das mais diferentes áreas.

Nos últimos 10 anos o orçamento da Fundação cresceu oito vezes. Para 2014 o valor chega a R$ 24 milhões. A média dos últimos três anos girou em torno de R$ 20,5 milhões. Grande parte deste valor vem dos produtores, que pagam um percentual por hectare/ ano sobre suas áreas de lavouras. Outra parte vem da prestação de serviços dos laboratórios e também de projetos de pesquisa em parceria com empresas parceiras.

Tempo de voltar a olhar para a pecuária
“Eu sou produtor desde 1978 e desde esta época participava dos Dias de Campo do DAT da CCLPL, que depois veio a se transformar na Fundação ABC. Era o grande momento da implantação e das transformações trazidas pelo Plantio Direto. Se não fosse o DAT eu acho que não existiria agricultura aqui, porque nós estávamos ‘com a faca no pescoço’. Depois disso a agricultura continuou forte, cresceu, mas a suinocultura e a bovinocultura foram ficando de lado.

Para o crescimento da Capal é de vital importância a existência da Fundação ABC, porque nós estamos vivendo em áreas onde as empresas tem como único objetivo vender. Eles só querem fazer resultado. Já a cooperativa quer que o associado melhore de vida, e não que compre produtos. Eu considero o tamanho da Fundação ABC adequado às necessidades atuais. Não é uma estrutura pesada.

Mas penso que ela deveria se preocupar mais com pecuária de leite, especialmente em manejo de rebanho e não apenas em forragens. Criar alguma linha de pesquisa de produtos e medicamentos. Há pouco tempo se usava coisas muito simples no trato das vacas de leite. Hoje há um excesso de produtos, e cada dia surge um novo. Acho também que deveria voltar a investir na suinocultura, onde nos anos 80 nós éramos a vanguarda de tudo que acontecia. E isso se perdeu totalmente”.
Erik Bosch – Diretor Presidente da Capal.

A pesquisa é nossa empresa de vanguarda
“A Fundação ABC como instituição sempre teve um papel muito importante na região dos Campos Gerais, o papel de consolidar uma agropecuária sustentável. A organização teve o mérito de conseguir antever as necessidades dos produtores e buscar solução para nossos problemas. Essa conexão que existe entre a FABC e o setor produtivo sempre foi muito rápida. E isso contribuiu para que a região se destacasse como modelo de produção sustentável. Por outro lado, a Fundação sempre trabalhou de forma muito harmônica junto com às empresas parceiras, dando suporte às cooperativas e buscando aliar os interesses das empresas e das cooperativas.

Em relação ao futuro cabe à Fundação se manter sempre atenta e alerta às mudanças que estão acontecendo. Hoje em dia se exige um alto nível de profissionalização em todos os setores de atividade, e a FABC tem que caminhar no processo de estar aliada às tendências do mercado. A Fundação vai continuar sendo uma ferramenta importante para o setor produtivo, e nós, como cooperativas mantenedoras, sabemos que precisamos estar ao lado e atrás, fornecendo suporte para que a pesquisa continue sendo nossa empresa de vanguarda.
Renato Greidanus – Diretor Presidente da Batavo/Frísia