Desabastecimento é preocupante, afirma presidente da Ocepar

Desabastecimento é preocupante, afirma presidente da Ocepar

Ao completar nove dias, a paralisação dos caminhoneiros está trazendo séries consequências à toda a sociedade. “O desabastecimento da população é o que mais nos preocupa neste momento”, afirma o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken. De acordo com ele, o setor cooperativista tem um papel relevante na cadeia de alimentos, envolvendo milhares de agricultores paranaenses, que estão impedidos de escoar suas produções até as unidades de processamento. As cooperativas do Paraná estão deixando de abater diariamente 12.700 suínos, 2,3 milhões de frangos e 180 mil tilápias. Além disso, outros 3 milhões de litros de leite não estão sendo industrializados por dia. Vinte e cinco unidades frigoríficas de cooperativas estão com as atividades suspensas deste o início dos bloqueios nas estradas do Estado. São cerca de 50 mil funcionários dispensados. “Estamos calculando um prejuízo que já supera R$ 1 bilhão para o agronegócio paranaense”, destaca Ricken.

G7 – Na noite desta segunda-feira (28/05), Ricken esteve em audiência com a governadora Cida Borghetii, junto com as demais lideranças do G7, grupo de reúne as principais federações do setor produtivo paranaense, Darci Piana (Fecomércio), Edson Campagnolo (Fiep), Ágide Meneguetti (Faep), Sérgio Malucelli (Fetranspar), Marco Tadeu Barbosa (Faciap) e Gláucio Geara (ACP). No encontro, eles apresentaram demandas e preocupações de todos os segmentos, como a diminuição do movimento no comércio, a falta de combustível e a liberação do tráfego de caminhões carregados de alimentos perecíveis e de insumos para a avicultura. “Embora tenha sido realizado um acordo entre o governo do Estado e representantes dos caminhoneiros, para que fossem liberadas cargas de combustível e insumos para a produção de ração animal, além de leite, nossas cooperativas ainda estão tendo dificuldades em trafegar pelas estradas bloqueadas. Precisamos solucionar urgentemente este problema porque, além dos prejuízos para o setor cooperativista, já começa a faltar alimentos para o consumo das pessoas nos supermercados”, frisa Ricken.

Entrevista – No final da manhã desta terça-feira (29/05), Ricken concedeu entrevista à RPC, ao vivo, acompanhado do presidente da Fecomércio, Darci Piana. Ambos voltaram a manifestar preocupação com o desabastecimento nas cidades. Eles sugeriram que, junto com a Defesa Civil do Estado do Paraná e anuência dos líderes do movimento dos caminhoneiros, seja permitido o transporte de gêneros alimentícios para supermercados, panificadoras e restaurantes, em comboios de caminhões com escolta policial. De acordo com Piana, o restaurante do Sesc/PR, que serve seis mil refeições por dia em Curitiba, tem estoque suficiente para apenas mais dois dias.

Comitê de Monitoramento – O Sistema Ocepar criou um comitê de monitoramento da crise para acompanhar os desdobramentos do movimento dos caminhoneiros e os impactos para as cooperativas do Paraná. “Estamos permanentemente reunidos com as autoridades, buscando soluções”, acrescenta Ricken. Ainda de acordo com ele, o comitê também está atuando em âmbito nacional, por meio da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e Frencoop (Frente Parlamentar do Cooperativismo).
 

Estoques dos supermercados já estão pela metade, diz associação

Associação Brasileira de Supermercados (Abras) divulgou nota em que alerta para a redução dos estoques devido aos protestos dos caminhoneiros. Segundo a entidade, os estoques de produtos não perecíveis, que tem duração média de 15 dias, já estão pela metade. As manifestações da categoria chegam nesta terça-feira (29/05) ao nono dia.

Normalização – A Abras acrescenta que, mesmo após o movimento de caminhoneiros vir a se encerrado, serão necessários de cinco a dez dias para que o abastecimento dos supermercados volte a se normalizar.

Alerta – Diante desse cenário, a associação que representa os supermercados do país alerta que “medidas urgentes precisam ser tomadas”, para garantir a qualidade no abastecimento da população. “O setor tem sofrido mais com a falta de abastecimento de produtos perecíveis, prejudicando as seções de hortifrúti, açougue e laticínios e derivados”, informa a nota. (Agência Brasil)