Apostando na “poupança verde” adicionar a produção de madeira à agricultura e pecuária

Apostando na “poupança verde” adicionar a produção de madeira à agricultura e pecuária

A idéia de contar com uma "poupança verde" foi o que motivou o produtor Mark Allen Harvey a investir em reflorestamento. Há 4 anos ele decidiu aproveitar uma área ociosa de cerca de 15 hectares, e agregou nova exploração à propriedade, adicionando a produção de madeira à agricultura e produção de leite já existentes.

O agropecuarista Mário de Araújo Barbosa também baseou-se no conceito de "poupança verde" quando decidiu incluir a floresta a uma propriedade que já trabalhava com agricultura, produção de leite e gado de corte. Foi assim que surgiram 40 hectares de reflorestamento com eucalipto das variedades dunni e bentame, implantadas com o apoio da área técnica da Castrolanda na fazenda situada no bairro São Lourenço, na localidade do Socavão.

Para implantar a silvicultura Mark Harvey igualmente contou com o apoio e orientação técnica da cooperativa na correção, preparo de solo, adubação, plantio e condução do empreendimento. Sem pressa, ele acredita que a demanda por fontes de energia na região, compense a aposta de produzir utilizando a melhor tecnologia disponível.

O pensamento de Mário Barbosa é muito semelhante. Ele conta que entre os motivos que o levaram a optar pelo reflorestamento estiveram: o fomento promovido pela cooperativa, orientando e praticamente administrando toda condução da lavoura; seu compromisso de adquirir a madeira para consumo próprio; e o aproveitamento de áreas impróprias para agricultura na propriedade, com declive, capoeiras, baixo uso. Ele acredita que com o crescimento das atividades industriais da cooperativa na área de leite, frigorífico de suínos, haverá muita demanda por energia, e consequentemente, maior consumo de lenha.

A visão de Mário Barbosa vai mais longe ainda, enxergando a possibilidade de um futuro consórcio. "Como a floresta fica próxima às áreas de pastagens, vai permitir, colocar gado de corte dentro da floresta, aproveitando o sombreamento para o gado. Pois com as árvores atingindo altura acima dos dois metros o gado não representa mais risco de quebra para as árvores", diz ele.

Contas
Estimativa feita por Mário Barbosa em conjunto com a área técnica da Castrolanda é de uma produção de 400 metros estéries de madeira por hectare nessa área. Com essa produção, aos preços atuais das commodities (considerados elevados), a floresta oferece uma rentabilidade próxima de 50% daquela que obteria com o plantio de soja.

"Eu considero 5 anos de área ocupada com floresta, comparada com 5 anos de plantio de soja. Isso vai dar uma rentabilidade próxima de 50% do que ganharia com a soja. Mas tem que lembrar que essa área é imprópria para o plantio de soja. E cabe jogar aí dentro ainda: o risco menor e o investimento igualmente menor exigidos pela floresta", explica o produtor, fazendo as contas.

Sua intenção é fazer um corte raso (100%) já no próximo ano, com replantio posterior de toda área. Ele considera que a regeneração (rebrote) pode até ser mais barata, mas traz consigo o risco de uma floresta desuniforme, com menor rentabilidade. E lembra que o produtor precisa ter o máximo rigor no controle da formiga, especialmente nos dois primeiros 4 meses de implantação da floresta. "Como o eucalipto possui uma casca adocicada, o ataque pode ser fulminante. A formiga acaba com o reflorestamento. A dedicação do produtor nos primeiros meses tem de ser a mesma empregada na agricultura. Depois de 2 anos, com o sombreamento que a floresta provoca já é mais tranqüilo, praticamente deixa de existir a competição com as ervas", ensina.

Expectativas de Mário Barbosa com a floresta são as melhores possíveis. "Eu acho que é uma opção interessante para o produtor, que deve ter o cuidado de manter as reservas legais, cuidar das questões de licenciamento junto ao IAP. Acho que vai ser muito bom, porque a demanda na nossa região só tende a crescer", diz ele.